quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Amanhã bem cedo, eu Bela, iria lhe fazer uma breve e inesperada visita, marquei todos os horários, planejei todos os pontos, mais por fim, não me contive, e adiantei o meu plano. Paro em frente a sua casa, á 00:36 da noite, e se não houver interrupções, saio daqui exatamente á 00:52, desta sexta-feira treze.

Este dia não se parece em nada com a atmosfera sombria esperada de sexta-feira treze, completamente ensolarado e quente, com certeza terá uma noite agradável, e a festa que Rafa e eu vamos proporcionar, realmente não terá nada de aterrorizante, ontem enquanto combinávamos quantas mascaras iríamos precisar, ele me vem com seu desejo de transformar tudo numa deliciosa noite macabra, e me contou já ter feito bagunça nos seus carpetes com groselha, para secar até amanhã e ficar bem real, era disso que ele gostava, de trazer estas manias estranhas para a realidade, como aquele dia em que enforcou na sua casa uma bruxa de pano, e quando alguém abria a porta, esta caía assustadoramente, provocando uma tamanha face horrorizada nas pessoas, e ele ria, gargalhava como uma criança depois de uma arte bem sucedida. Pensava nele enquanto terminava de tomar o meu café, marquei de ir em sua casa antes do almoço, para levar então, as caixas com todas as fitas e mascaras que iríamos precisar.
Chegando em frente ao seu rancho, estranhamente percebo sua casa ainda, completamente fechada, minha mente maliciosa já especula que esta aprontando alguma para cima de mim, onde já se viu, querer pegar a sua melhor amiga nessas brincadeiras de criança, mais esse era o seu jeito, durante a madrugada teria arquitetado uma bem horripilante, pois sabe como fico amedrontada, e isto lhe diverte, e porque hoje seria diferente? Afinal é sexta-feira 13.
Subindo os degraus, já estudo uma maneira de entrar pela sua casa, sem ser pela porta da frente, mais será que ele  imaginou que eu faria exatamente isto? Okey, vou pela porta da frente, que venha o que vier, não ligo de levar um grande susto do meu querido amigo, apenas para vê-lo sorrir. Estou diante da porta, pego na maçaneta fria.

Pronto. Nenhuma interrupção, como eu havia previsto. Também, todos são tão previsíveis. Relógio parado exatamente á 00:52, em todos os aspectos eu tenho sido eficiente, pena que ninguém reconheça uma mente tão brilhante quanto a minha, agora não tenho mais nada que me satisfaça aqui, apenas a lembrança dos seus ridículos olhos suplicantes, que vou esquecer tão fácil quanto matar uma pomba.

Quando giro a maçaneta, a velha porta de madeira maciça range, fazendo correr um arrepio pela minha espinha, okey, até aqui nada de coisas caindo do teto, encosto a porta. Visualizo a sua sala completamente impecável, apenas o detalhe ao longo da escada, os seus carpetes encharcados de groselha, haha, encharcados mesmo, você trabalhou duro esta noite então, devia estar caído na cama se esquecendo até de levantar, vou subindo as escadas, dando as primeiras pisadas na sua espantosa decoração, não tínhamos combinado de usar o segundo andar da casa, mas parece que você fez questão lambuzando o chão. Em frente a porta do seu quarto, paro e percebo que a faixa de groselha se estende até o ultimo quarto do corredor, o que será que estaria aprontando ali, será esta a armadilha? Você sabe que não sou tão curiosa .. entro no seu quarto e vejo seus cabelos castanhos embaixo do edredom, bem que eu desconfiava que ainda estava adormecido, me detenho em te acordar, o que chama minha atenção é o seu último quarto, quero ver o que aprontou lá na minha ausência, vou me dirigindo até o fim do corredor, chego em frente à porta do quarto, e na coragem, de supetão abro a porta, onde um corpo içado me derruba abruptamente no chão, eu olho sem conseguir discernir esta cena, um corpo açoitado, sem os membros inferiores e superiores, e sem .. a cabeça, era Rafael, balançando como carne exposta, fazendo o sangue respingar e o cheiro invadir as minhas narinas, e neste horror percebo, o seguinte bilhete ensanguentado no chão: Me Desculpe Por Estragar Sua Sexta-Feira 13 - irmãzinha.