quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

o que eu precisava que você soubesse

eu decidi escrever uma carta, acho que mais por mim mesma do que pra você de fato.. acredito de verdade que eu jamais deveria ter dito sim pro seu pedido de namoro, porque fui impulsiva e me deixei levar por um sentimento que eu queria muito acreditar que seria o suficiente, e o mais triste é que já errei desse jeito antes e não aprendi, e dessa vez não só me fiz sofrer como fiz mal a você também, que tem inclusive um régua muito firme e única pras relações que mantém.. fui tola em acreditar que você me compreenderia profundamente, que não usaria o que te contei de mais íntimo contra mim, que a sua régua moral pudesse ser flexível e me acolher com todas as minhas facetas. Por isso a minha frase de vida é essa, o amor não vence tudo, porque não vence, e eu amei você, não o amor que você gostaria que fosse, mas do meu jeito, eu te amei. Não me orgulho de muita coisa que fiz e fui e sou, sou cheias de defeitos e extremamente errática em vários campos da minha vida, e nunca sei direito de onde mais eu tiro força pra me manter viva e funcionando diariamente. eu fui vulnerável com você e disso me arrependo e me orgulho. eu não tô sempre certa. não sou a melhor pessoa do universo. e eu não precisava de você, mas deixei você entrar e queria que tivesse um lugar na minha vida, esse que é muito difícil de ceder pra mim, que há anos é muito doloroso e ainda não sei se sou capaz de experienciar de novo, ainda mais depois da experiência extremamente ruim que tive com você.

eu sei que com os meus erros você me desumanizou e me reduziu a imagem que você tem de quem eu fui pra você. e acredito que fiz o mesmo com você, depois de viver essa cena de você arremessando uma chave numa casa cheia de crianças e que inclusive passou raspando na cabeça do meu filho, eu te achei a pessoa mais escrota do universo. e pra você eu sou uma pessoa falsa que merece ser infeliz. ainda bem que eu não acredito em você, ainda bem que você se foi, ainda bem que eu sei que existe vida depois de um relacionamento que era bom e no fim virou uma bosta. fiquei por semanas me perguntando o que foi que aconteceu naquela noite, o que foi que - de novo - eu fiz pra você ficar tão puto comigo. e hoje nada mais disso importa. 

terça-feira, 18 de julho de 2023

se soltar, como que se solta sem medo?

o medo fode demais.

Amar fode a gente demais, no sentido bom e ruim. 

é reconhecer que não se controla sentimento, 

é encarar o seu próprio olhar ensandecido por alguém. 

o medo desse sentir desgovernado é também do que pode não dar certo. 

mas aí o que é não dar certo, é acabar a paixão?!

eu já vivi o que vem depois, mesmo sendo tudo novo de novo, eu sei o que vem depois. 

as pequenas coisas que viram grandes, 

os pequenos detalhes que se acumulam no dia-a-dia e viram situações mal resolvidas, 

o nascer do ranço entre a falta de presença e dos diálogos que se perdem, 

de palavras que nem querem mais ser ditas ou ouvidas, 

que com o tempo perdem a força dentro da gente, 

as vezes sem nem ressignificar.


agora fogos de artifício e tesão. 

eu quero pular pra depois, eu quero o depois, se entender e se sentir no depois, eu prefiro que o depois dê certo.


quando você me diz pra apenas exercitar o estar presente

entendi a princípio que era tentar não me preocupar

que era não deixar a minha mente gritar comigo

que era perceber o quanto a minha ansiedade também

me paralisava..

Não aprendi a viver cada momento sem pressa,

sem pensar e temer o que vem em seguida, 

no que depende única e exclusivamente de mim pra não findar..

eu preciso primeiro aprender a sentir e ser,

e sempre acredito e sinto que não tenho mais tempo.


sexta-feira, 16 de junho de 2023

Passado e traumas.

Somos psicologicamente profundos, e com ligações que sempre vinculam o nosso presente com o passado, e o processo de reelaborar isso é doloroso, porque se libertar de uma vida inteira de traumas e amarras não é fácil, inclusive de se deparar com verdades duras sobre você mesma.

Hoje eu ouvi uma frase que me abalou e atravessou a minha história.

O porquê o meu medo de sentir demais está sempre presente na minha vida, isso pode ser o princípio de algo ou só o início de mexer nesse vespeiro. Está conectado também com o medo de perder o controle de mim mesma por sentir demais, porque na verdade existiu momentos no meu desenvolvimento (bebê-criança-adolescente-juventude), que eu realmente não tive.

A frase é:

De que qualquer sentimento é ruim.

Não me permito sentir verdadeiramente, porque aprendi que independente do que eu sinta vai ser ruim depois, vou ser punida de alguma forma, a morte do Thiago foi uma forma da vida me punir por amar.

E isso dolorosamente não é verdade.

O meu trauma é ter apanhado na infância por ser, fazer e sentir qualquer coisa, e sido violentada fisicamente e psicologicamente por pessoas que deviam me amar, me acolher e proteger, e jamais ter me feito se sentir inadequada, um incômodo, um peso, sem valor.